A arte produzida na Paraíba voltou a ganhar projeção internacional. A artista plástica paraibana Marlene Almeida teve uma de suas obras destacadas na edição deste domingo (28) do The New York Times, um dos jornais mais influentes do mundo. A publicação deu visibilidade à obra “Terra Viva”, atualmente exposta na Bienal de São Paulo.
A peça integra a mostra “Nem Todo Viajante Anda Estrada”, que reúne mais de 1.200 obras de 125 artistas e coletivos de diferentes países. A exposição propõe reflexões sobre novas formas de existência, justiça social e relação com o meio ambiente, abordando temas como desigualdade, pobreza e conflitos, mas sob uma perspectiva sensível e otimista.
Na reportagem, o jornal norte-americano destaca o caráter singular da produção de Marlene Almeida, ressaltando sua trajetória como artista e ativista ambiental. O The New York Times descreve a paraibana como uma “artista e ativista agrícola octogenária que percorre a terra em busca de materiais naturais para a criação de pigmentos”, enfatizando sua relação profunda e histórica com o solo como matéria-prima artística.
Natural de Bananeiras, no Brejo paraibano, Marlene Almeida é pesquisadora, escultora e pintora. Sua obra tem caráter interdisciplinar, unindo conhecimentos científicos, literários e artísticos em uma investigação contínua sobre a terra — tema central de sua produção desde a década de 1970. Formada em Filosofia pela Universidade Federal da Paraíba (UFPB), a artista também se especializou em Desenho, Pintura e Escultura por meio de cursos de extensão na mesma instituição.
Além da dimensão estética, o trabalho de Marlene carrega forte compromisso ambiental e político. Durante a ditadura militar, a artista foi perseguida por sua atuação em movimentos culturais e políticos. Nos anos seguintes, essa experiência influenciou diretamente sua escolha por desenvolver uma arte sustentável, baseada na pesquisa e produção de tintas a partir de pigmentos e resinas naturais, sem agressão ao meio ambiente.
Com apoio da UFPB e do CNPq, Marlene desenvolveu pesquisas de caráter científico voltadas à identificação de pigmentos naturais, realizando mapeamentos de afloramentos e organizando um amplo mostruário de cores extraídas da terra. Seu legado também inclui a fundação do Centro de Artes Visuais Tambiá, em 1974, espaço que promoveu intercâmbios e exposições nacionais e internacionais ao longo de uma década.
Ao longo de sua trajetória, presidiu a Associação dos Artistas Plásticos Profissionais da Paraíba, integrou o Centro Cultural Olga Benário Prestes e, desde 1992, milita na Associação Cultural José Martí, além de atuar no Comitê Paraibano de Memória, Verdade e Justiça.
Atualmente, Marlene Almeida segue em intensa atividade artística, vivendo e produzindo em João Pessoa. O reconhecimento do The New York Times não apenas celebra sua obra, mas também reafirma a relevância da arte paraibana no cenário internacional, projetando uma trajetória marcada pela resistência, pesquisa e profundo respeito à natureza.
