As eleições de 2024 em João Pessoa trouxeram uma surpresa que poucos esperavam: Marcelo Queiroga (PL) no segundo turno. Quase todas as pesquisas apontavam para uma vitória em primeiro turno ou uma disputa entre Cícero Lucena (PP) e Ruy Carneiro (Podemos), com Queiroga figurando abaixo dessa linha de corte. A única exceção foi a pesquisa AtlasIntel veiculada no último sábado (5), véspera das eleições, que acertou o cenário e, ainda assim, foi recebida com certa desconfiança.
Essa surpresa poderia ter sido evitada se tivéssemos considerado a trajetória política de João Pessoa. A cidade, que em 2022 flertou fortemente com o bolsonarismo, apresentou um eleitorado com inclinações conservadoras. O resultado das eleições gerais daquele ano reforçou essa percepção: Bolsonaro venceu em todas as cidades da região metropolitana e, na Capital, perdeu para Lula por uma diferença mínima de apenas 925 votos no segundo turno.
Marcelo Queiroga, com o apoio de Bolsonaro, conseguiu mobilizar uma parte significativa desse eleitorado ao se posicionar como uma alternativa ao governo de Cícero Lucena. Porém, é importante notar que Cícero, representando o PP, ocupa um espaço no espectro político que se alinha à centro-direita, sem se deixar levar por extremos. Em um contexto em que 30% dos pessoenses se identificam com a direita, Cícero soube se apresentar como a opção que promove estabilidade e eficiência, buscando conquistar também aqueles que rejeitam o radicalismo.
Agora, com o segundo turno se aproximando, a disputa é clara: de um lado, a força do bolsonarismo representada por Queiroga; do outro, a experiência e o compromisso de Cícero Lucena com uma gestão moderada. Embora João Pessoa tenha uma parcela conservadora significativa, o eleitor pessoense tende a preferir uma liderança que não cede ao extremismo. Com mais de 49% dos votos válidos no primeiro turno, Cícero parece estar bem posicionado para vencer esta disputa e reafirmar que, apesar das tendências à direita, João Pessoa opta pela continuidade e pelo equilíbrio em detrimento do bolsonarismo.