O presidente em exercício e ministro do Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços, Geraldo Alckmin (PSB), classificou o encontro entre Luiz Inácio Lula da Silva (PT) e Donald Trump, no domingo (26) em Kuala Lumpur, como o “passo mais importante” na reaproximação entre Brasil e Estados Unidos.
Em entrevista nesta segunda-feira (27), Alckmin afirmou que o gesto político abre espaço para negociações sobre tarifas, investimentos e cooperação econômica. “O passo político foi dado com brilho e louvor. Agora é hora de avançar no lado técnico e estabelecer a pauta de trabalho”, disse.
Fim do tarifaço é prioridade
Alckmin destacou que a principal meta do governo é a retirada da sobretaxa de 40% imposta pelos EUA desde agosto, além de uma tarifa de 10% aplicada em abril. “Essas tarifas são totalmente desproporcionais. A tarifa média do Brasil para os Estados Unidos é de apenas 2,7%. Precisamos resolver isso rapidamente”, afirmou.
Segundo o ministro, cerca de 34% dos US$ 40 bilhões exportados pelo Brasil ao país norte-americano no último ano foram afetados pelas sobretaxas, que atingem principalmente produtos industriais e do agronegócio, incluindo o café, atualmente sujeito a até 50% de tarifa.
O governo trabalha em duas frentes: solicitar suspensão temporária das tarifas durante as negociações e ampliar a lista de produtos isentos. Alckmin reforçou que o apoio do setor privado americano será decisivo para reverter as medidas.
Negociações técnicas e próximos passos
Alckmin coordena, ao lado dos ministros Mauro Vieira (Relações Exteriores) e Fernando Haddad (Fazenda), o grupo responsável pelas negociações com Washington. Equipes técnicas dos dois países devem se reunir nas próximas semanas.
Trump, em visita ao Japão, classificou o encontro como “muito bom”, sem prometer o fim imediato das tarifas. Lula, por sua vez, disse que Brasil e EUA devem “fazer um bom acordo” nas próximas rodadas de negociação.
Alckmin ressaltou que a pauta vai além das tarifas, incluindo a instalação de datacenters no Brasil e investimentos em energia renovável. Ele defendeu a medida provisória dos datacenters, editada em setembro, como essencial para atrair capital estrangeiro. “O Brasil tem abundância de fontes limpas e renováveis, o que é muito atraente diante da escassez global de energia”, disse.
Para Alckmin, o encontro marca uma nova etapa nas relações bilaterais. “Foi uma importantíssima aproximação entre as duas maiores democracias do Ocidente. Agora começa uma fase importante para aprofundar os laços e buscar oportunidades concretas”, concluiu.
