A escolha do filme “O Agente Secreto” como representante do Brasil no Oscar 2026 não foi apenas uma formalidade da Academia Brasileira de Cinema. O longa de Kleber Mendonça Filho, estrelado por Wagner Moura, já chega à disputa com o peso de um dos principais títulos do circuito internacional, acumulando prêmios e elogios que podem colocar novamente o país entre os indicados à estatueta de Melhor Filme Internacional.
Ambientado nos anos 1970, o filme acompanha um professor universitário que retorna ao Recife para reencontrar o filho caçula em meio ao clima de repressão da ditadura militar. A trama mistura drama político e intimismo familiar, marca registrada do diretor, que já havia conquistado reconhecimento global com títulos como Aquarius e Bacurau.
Favorito no circuito internacional
Antes mesmo de estrear nos cinemas brasileiros — o lançamento está previsto para 6 de novembro —, O Agente Secretojá tem credenciais de peso: levou os prêmios de Melhor Ator (Wagner Moura) e Melhor Diretor (Kleber Mendonça Filho) no Festival de Cannes 2025, além de ter recebido elogios entusiasmados da crítica especializada em publicações como Variety e The Guardian.
“É o Brasil se reconectando com uma tradição de cinema político de impacto internacional, mas com uma linguagem contemporânea”, afirmou um crítico francês após a exibição no festival.
O caminho até o Oscar
A escolha feita pela Academia Brasileira de Cinema seguiu as regras da Academy of Motion Picture Arts and Sciences (AMPAS), que organiza o Oscar. Ao todo, 25 membros entre artistas e especialistas participaram da decisão, na qual O Agente Secreto superou outros títulos concorrentes, como Manas, de Marianna Brennand, Baby, de Marcelo Caetano, e O Último Azul, de Gabriel Mascaro.
O próximo passo é a inscrição oficial do longa na categoria internacional. A corrida será dura: em dezembro, a Academia divulgará uma lista de até 15 pré-indicados. Em janeiro, saem os cinco finalistas que disputarão a estatueta na cerimônia marcada para 15 de março de 2026.
A chance de um retorno histórico
Caso chegue à lista final, será o primeiro filme brasileiro indicado ao Oscar desde Democracia em Vertigem (2019), no campo do documentário. Na categoria de Melhor Filme Internacional, o Brasil não aparece entre os finalistas desde O Pagador de Promessas, em 1963.
Com a força de Wagner Moura no elenco e a reputação consolidada de Kleber Mendonça Filho como um dos diretores mais respeitados da atualidade, a expectativa é que O Agente Secreto quebre esse jejum histórico.
