Câncer colorretal está relacionado a hábitos alimentares e cresce entre pessoas com menos de 50 anos

Neste Março Azul Marinho, oncologista alerta para importância do rastreamento da doença que atinge cerca de 400 paraibanos por ano

Você é o que você come. A frase, defendida por profissionais da saúde e que passa desatenta por muitas pessoas, faz sentido quando o assunto é o câncer de cólon e reto, também conhecido como colorretal. Para a oncologista Carolina Zitzlaff, do Real Hospital Português, esse tipo de tumor maligno está relacionado a várias questões, como doenças inflamatórias intestinais e hereditariedade, mas são as dietas ricas em carne vermelha, o consumo excessivo de embutidos (linguiça, salsicha, salame e peito de peru, entre outros) e o sedentarismo os principais fatores de risco modificáveis. Frequente em idosos, a cada ano a doença vem crescendo entre adultos com menos de 50 anos. Esse é o caso das cantoras Preta Gil, diagnosticada aos 48 anos e Simony, aos 46.

O câncer colorretal se desenvolve no intestino grosso, mais precisamente no cólon ou em sua porção final, o reto. Os principais sintomas são mudanças no hábito intestinal – a pessoa passar a ir ao banheiro com intervalos maiores – dor abdominal, fezes endurecidas, sangramento, que pode ser discreto, e a perda de peso mesmo sem dieta ou exercícios. Pode ser rastreado e diagnosticado precocemente.

No rastreamento é possível identificar anormalidades sugestivas do câncer, em pessoas sem sintomas. A Organização Mundial da Saúde (OMS) recomenda o rastreamento a partir dos 50 anos, por meio do exame de sangue oculto nas fezes. Caso o teste seja positivo, a pessoa deve fazer uma colonoscopia, que permite visualizar se há pólipos que possam vir a se transformar em câncer, ou o câncer já instalado. “Não sendo encontrado nada na colonoscopia, a pessoa só deve repetir o exame após dez anos. Achando pólipos, ela deve ser repetida em um a três anos, dependendo das suas características. Nem todos que têm pólipos terão câncer”, explica Zitzlaff.

No mês da campanha Março Azul Marinho, que visa conscientizar a população sobre o câncer colorretal, a médica alerta que o número de casos também vem aumentando entre pessoas com menos de 40 anos sem histórico familiar desse tipo de câncer, de acordo com estudos científicos e com o que tem visto nos atendimentos. “É muito importante que as pessoas estejam atentas ao seu estilo de vida e ao rastreamento da doença. Consumam mais alimentos saudáveis e pratiquem atividade física. Percebendo alguns dos sintomas procurem ajuda médica.”

O tratamento do câncer colorretal, o segundo tipo de câncer que mais mata no mundo e o segundo mais frequente no Brasil, depende da extensão da doença e da localização do tumor. As alternativas são cirurgia, radioterapia e quimioterapia. O Instituto Nacional do Câncer (Inca) estima o diagnóstico de 45.630 em 2024. A Paraíba tem aproximadamente 400 novos casos por ano.

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